sábado, 13 de agosto de 2011

Eu chego dando voadora


No último mês, encontrei a frase no MSN mais de uma vez, comentei-a ao menos em 3 conversas e ontem encontrei-a no Facebook.

"Amigo verdadeiro não é aquele que vem apartar a briga, e sim aquele que chega dando voadora."

Pois então, desde que me conheço por gente, eu sou assim. Quando eu tinha 9 anos, meu irmão mais velho tinha 18 e estava "servindo (eca) à pátria". Uma tarde, quando ele voltava do quartel, uns caras da vila começaram a tirar onda por causa do uniforme. Virou briga. Naquele mesmo dia eu acabara de podar um cinamomo a mando de minha mãe. Passei a mão num galho, o maior que eu podia carregar, saí correndo pro meio da peleia e mandei ver no lombo dos "meliantes". A cena ficou, no final, engraçada. Todos acabaram rindo, menos eu, que não entendi a sutileza da cena, já que não podia me ver de fora. Fiquei com fama de valente, por certo.

Agora, estou para fazer 50 anos e não consigo contabilizar quantas vezes na vida eu repeti essa cena, figurada ou literalmente.

Eu tomo as dores, eu compro as brigas, eu carrego as malas (ops), eu sigo mesmo depois de exausto e ainda carrego a criatura nas costas.

E sempre, sempre chego dando voadora.

E daí? Daí que, como eu disse ontem para o Jonnathan no Facebook, vira e mexe eu fico brigando sozinho.

O Ernesto, músico que conheci em São Paulo em 1982 (ou 83) deve ter razão. Uma certa manhã de sábado, em que fui literalmente acordá-lo para fazer a panfletagem de um show, coisa que era 100% de interesse dele, ele me disse: "Wladimir, você deixa as pessoas te usarem. Elas percebem que você é assim e se aproveitam. Você faz papel de idiota".

Como na época eu realmente era um idiota de 21, 22 anos, fiquei puto da vida com ele e sumi, perdendo, ao que parece, um ótimo amigo.

Eu não tenho a menor ideia de por onde o Ernesto anda ou o que faz da vida atualmente, mas, depois de 30 anos eu queria poder encontrá-lo e dizer: Ernesto, tu tinha razão. Eu sou mesmo um idiota.

A única diferença de 1982 para 2011, é que hoje sou um idiota de 50 anos. Não é, Sarah?

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tarciso disse...

Wladi, em alguma medida todos somos idiotas pela vida - o consolo é que também somos gênios pelo menos em alguma coisa, e é isso que nos salva de nós mesmos e dos outros...