quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O sentido da vida


Eu passei minha infância e boa parte da adolescência entre um centro de umbanda nas quartas à noite e uma igreja católica nas manhãs de domingo, por ordens de minha mãe.

Somente quando pude tomar decisões por conta própria foi que me afastei de ambos. Mas, durante ainda muitos anos, tentei outras vertentes religiosas como o espiritismo, a religião hindu e outras. Nem um sinalzinho sequer de deus. Nada. Só um blá blá blá inútil e muito conveniente aos falsos profetas e seus seguidores descerebrados.

Quando passei a admitir minha racionalidade descobri-me ateu. E o que mudou na minha vida? Praticamente, nada. A única coisa, de fato, é que curei-me, a tempo, de uma incipiente esquizofrenia. Viver sem medo e sem culpa me libertou. A vida tornou-se mais simples e agradável quando deixei de me preocupar com seres imaginários. A sombra da morte deixou, aos poucos, de ser companheira de noites insones. Agora, aos 50 anos, quando penso na morte, penso apenas como um processo biológico.

Para o universo somos uma efeméride sem grande importância. Não considero minha vida sagrada, tampouco mais importante do que a de qualquer um dos meus oito hóspedes felinos vitalícios. Assim como a de qualquer outro animal sobre a face do planeta. Em função disso, além de ateu, sou vegetariano quase que a vida inteira e, há duas semanas, tornei-me vegano.

Apenas por uma questão de compaixão, espero desligar-me biologicamente depois de cada um dos meus hóspedes/amigos/amores para que possa lhes dar atenção até o fim. Para que não fiquem novamente jogados pelas calçadas de onde os retirei um dia. Afinal, até hoje, o único sentido que encontrei na vida foi exatamente esse: compartilhar cuidados com quem deles necessita.

O resto é conversa para boi dormir.

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